O assalto à relojoaria e joalheria Pontual, no centro de Caratinga, no dia 25 de janeiro deste ano, teve desdobramentos surpreendentes. Após a prisão dos suspeitos, foi revelado que um advogado teria receptado parte das joias roubadas. O assalto foi registrado em vídeo pela câmera de segurança da joalheria. Nas imagens, dois homens armados com revólveres, usando máscaras faciais e capacetes de motociclista, rendem a dona da loja e uma funcionária, abrem a vitrine e roubam joias avaliadas em cerca de R$ 30 mil. Uma operação da Polícia Militar para a captura dos assaltantes prendeu dois homens suspeitos de ter participado do assalto, seguindo pistas que indicavam a fuga dos homens em uma motocicleta, em direção à estrada de Pedra de Itaúna. Levados à Delegacia de Polícia Civil de Caratinga, os homens foram ouvidos e, como não havia elementos que eles teriam participado do assalto, foram liberados. Mas a Polícia Civil não tardou para identificar os suspeitos. Segundo o delegado Sávio Moraes, que preside o inquérito que investiga o assalto, com base em elementos informativos colhidos durante as investigações, foram identificados dois indivíduos apontados como suspeitos de envolvimento no roubo. Um dos suspeitos, de 32 anos, foi preso no dia 27/1 durante uma operação conjunta das polícias Civil e Militar, que cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa desse homem, no Bairro das Graças, onde foram apreendidas drogas e outros materiais.
“Esse indivíduo, de 32 anos, que já possuía antecedentes criminais por tráfico de drogas e crimes contra a vida, foi autuado em flagrante pelo crime de tráfico de drogas. Ele foi conduzido à delegacia, foi ouvido, as testemunhas do mandado foram ouvidas e, a partir daí, chegaram outros elementos de informação, tanto de provas testemunhais quanto provas objetivas coletadas durante o mandado de busca. A partir daí, chegamos à autoria do segundo elemento que participou do roubo”, explicou o delegado.
Receptação de joias Durante as investigações, segundo o delegado, a Polícia Civil identificou que um advogado, de 24 anos, de Caratinga, teria receptado parte das joias roubadas. Uma operação de busca e apreensão contra ele foi feita na quarta-feira (2/2). “Está devidamente comprovado no inquérito que ele (o advogado) pagou o valor de R$ 200 reais a miligrama do ouro, um total de R$ 8 mil reais. Que apesar de ter negado o conhecimento de que os objetos de que ele adquiriu eram roubados, ele alegou que não sabia de que aquilo era de origem criminosa, apesar de estar comprovado no inquérito que ele sabia, ele realmente afirmou que estava na posse de alguns cordões e pulseiras de ouro, que teriam sido repassadas pelos indivíduos autores do crime”, disse o delegado. O advogado recebeu os policiais civis em sua casa, de forma voluntária, de acordo com o
delegado, e resolveu colaborar com as investigações, entregando o ouro. Na quinta-feira (3/2), o segundo suspeito do assalto foi identificado e a Justiça autorizou mandados de busca e apreensão, e de prisão, contra esse homem, de 19 anos. Mas a polícia somente conseguiu prendê-lo na sexta-feira (4/2). Os dois homens suspeitos estão presos preventivamente. Parte das joias foram recuperadas, as que estavam com o advogado, e outras, segundo o delegado Sávio, estão com uma outra pessoa. As investigações prosseguem.
OAB acompanha o caso A 8ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, de Caratinga, esclareceu, por meio de nota, que acompanhou os trabalhos da Polícia Civil de Caratinga no cumprimento do mandado de busca e apreensão contra o advogado, inscrito nesta subseção, e que está sendo tratado como suspeito de receptar objetos roubados.
Após a divulgação dos fatos pela autoridade policial, na sexta-feira (4/2), a entidade afirmou que vai se inteirar do que está contido nos autos e tomar, de ofício, todas as providências éticas cabíveis. “Tendo em vista a repercussão da operação, é dever da OAB a manifestação no sentido de que, seus inscritos, quando acusados de conduta ilegal, são submetidos ao Tribunal de Ética e Disciplina da entidade, e os processos disciplinares são sigilosos enquanto não houver o trânsito em julgado das decisões”, informou a nota da OAB. O escritório de advocacia onde o advogado acusado de receptação atua, informou que que não pactua com qualquer comportamento contrário à lei, e sobre as joias oferecidas ao acusado, “em momento algum foi relatado ao advogado que aquele produto era ilícito e que providências judiciais estão sendo tomadas para que as pessoas envolvidas possam ser responsabilizadas”.