A bebê achada por moradores dentro de uma mochila jogada no Rio Capibaribe, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, tinha nascido horas antes de ser jogada no local. De acordo com a médica que a atendeu, Nicolle Galiza, o cordão umbilical da criança ainda estava com sangue e havia líquido amniótico no corpo dela, indicando que o parto tinha ocorrido há pouquíssimo tempo.
O caso é investigado pela Polícia Civil como tentativa de homicídio. “Ela já estava gelada e muito ‘roxinha’. Ela chegou envolta nas camisas das pessoas que a resgataram. Não tinha nenhum sinal de lesão, trauma ou algum tipo de violência, mas estava com a temperatura bem abaixo do ideal. Tinha líquido amniótico na cabeça dela”, afirmou a médica, que é neonatologista.
Segundo testemunhas, um homem em uma moto teria jogado a bebê da Ponte da Picopeba. A recém-nascida foi encontrada por ribeirinhos que estavam embaixo da ponte. Eles viram a bolsa caindo e ouviram o choro da bebê. Os moradores abriram a mochila e, dentro dela, estava a menina.
A médica Nicolle Galiza contou, ainda, que o cordão umbilical da menina tinha sinais de corte não profissional, e sequer tinha passado pelo procedimento para evitar que ela perdesse sangue.
A bebê foi levada por policiais militares ao Hospital Petronila Campos. Lá, passou por procedimentos emergenciais e foi colocada numa incubadora aquecida. A equipe médica também pediu exames para verificar possíveis infecções, já que não se sabe como foi o pré-natal da mãe, nem se ela pode ter contraído algo durante o abandono. A recém-nascida está sendo alimentada com leite específico para bebês com o tempo de vida dela e já está sob custódia do poder público, para que seja institucionalizada.
“Ela deve receber alta no sábado (19), 48 horas depois [de dar entrada]. Ela está em observação, recebendo todo o carinho da nossa equipe. Está bem, nasceu ontem [quinta]e é uma bebê de termo, que nasceu no tempo certo. Quando receber alta, vai ser institucionalizada e a Justiça vai fazer o acompanhamento para adoção”, declarou a médica.
A conselheira tutelar Gê Cardoso contou que, até esta sexta-feira (18), ninguém se apresentou ao conselho como sendo pai ou mãe da menina. Ela contou que, em três anos de atuação, nunca tinha visto um caso desse tipo. “A polícia está investigando, mas não tivemos nenhuma notícia ainda, e ninguém se apresentou no conselho. Ela vai para acolhimento e fica à mercê do Judiciário. Pela idade, ela provavelmente vai entrar logo no programa de adoção, e já existe uma fila de pessoas querendo adotar, no programa Acolher”, afirmou a conselheira tutelar.
Fonte G1