MÊS DAS PRETA
O nome dela é Keity Ellen Gonçalves Costa, de 23 anos, filha de Geraldo Eustáquio da Costa e Miriam Gonçalves da Costa, natural de Contagem –MG, tem dois irmãos e um sobrinho lindo de 3 anos.
“Posso dizer que minha infância foi igual a de toda criança, com muitas brincadeiras e cheias de sonhos, até porque eu ainda não entendia o que era ser uma mulher preta em um pais racista…, porém foi na adolescência que senti o peso que era tudo isso, e o quanto isso seria uma “régua” para minha trajetória; sempre medindo onde eu poderia chegar ou estar.
Ser aquela menina que nunca era escolhida, a fora do padrão, ou naquelas “brincadeiras” de sala de aula, vocês lembram? Onde escolhia quem era a mais bonita, nunca vê o meu nome na lista, a que não era vista como uma mulher para namorar; teriam um peso na mulher que eu iria me tornar, e aquelas marcas não eram mais tidas como brincadeiras. Passei pela solidão, a baixo autoestima, e crises de identidade que dificultaram muito o meu processo de aceitação; a aceitação do meu corpo, do meu cabelo, da Keity em toda sua essência. “Foram 20 anos para eu me achar linda”, e ainda sim hoje carrego inseguranças e medos que são sentidas apenas por uma mulher preta, e vocês sabem do que estou falando, enfim…
Hoje entendo que tudo o que passei são vestígios de uma estrutura que não nasceu em mim mais me atingiu e por isso ela não acaba aqui; ela na verdade começou quando eu entendi quem sou no mundo, e quanto a minha ancestralidade se conecta com o meu presente, e foi a partir desse momento que passei a lutar e estudar para que no futuro o meu sobrinho, meus filhos, netos; tenham vestígios de amor, de empatia, de uma sociedade cuja a equidade seja o fator comum de oportunidades e não de uma “igualdade” que desumanize os diferentes.
Mulher preta você é linda,aceite -se
*Associação Monlevadense de Afrodescendentes (AMAD)