sexta-feira, novembro 22, 2024
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Inflação: 70% dos restaurantes de Minas afirmam não conseguir repassar preços

Sete em cada dez proprietários de restaurantes em Minas Gerais afirmam que a inflação está impactando o funcionamento dos estabelecimentos. Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), 67% dos empresários que responderam ao estudo afirmam que não têm conseguido repassar o aumento de custos observado na cadeia produtiva para o consumidor final em maio.

O levantamento teve a participação de 306 empresários e também indicou que 14,2% do faturamento das empresas está comprometido com quitação de dívidas acumuladas durante a pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021. Ainda na pesquisa, 41% dos participantes afirmaram que chegaram a conseguir fazer repasses dos custos adicionais, mas abaixo da inflação oficial.

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) teve alta de preços de 0,67% e um acumulado de 11,89% nos últimos 12 meses. O presidente da Abrasel em Minas, Matheus Daniel, afirmou que a pesquisa indica uma dificuldade dos empresários em lidar com o cenário inflacionário atual.

“Como os nossos negócios vivem basicamente desses insumos que vêm aumentando dia após dia, o lucro, inevitavelmente, não é percebido, mesmo que estejamos vivenciando um momento de plena retomada”, assinala. A pesquisa também revelou que 46% dos empresários entrevistados tiveram lucro em maio, enquanto 21% trabalharam com prejuízo. Outros 33% afirmaram ter ficado em equilíbrio.

Entre o grupo que alegou prejuízo, 66% citaram a queda nas vendas do mês como um fator que contribuiu para o resultado negativo. Na lista de outros principais fatores citados, estão a redução do número de clientes (60%), aumento dos principais insumos, como alimentos e bebidas (56%), dívidas com empréstimos bancários (46%) e pendências com impostos (34%).

Conforme Matheus Daniel, as dívidas, inclusive, são um dos principais problemas enfrentados pelo setor. Em média, 14% do faturamento é direcionado aos bancos para quitação dos empréstimos. Quando lançado em maio de 2020, o Pronampe tinha prazo de pagamento de 48 meses e juros de 1,25% ao ano, mais taxa Selic. Naquela época, o índice estava em 3% ao ano.

Em agosto de 2020, a taxa caiu a 2% ao ano. O cenário, segundo o presidente da Abrasel, resultava em créditos concedidos com juros totais de 3,25% ao ano, o equivalente a 0,27% ao mês. No entanto, desde 2021 a Selic está em elevação no Brasil e está cotada, atualmente, em 13,25%. “Quem pegou crédito em meados de 2020 pensando que iria pagar juros de 3,5% ao ano já está pagando, hoje, juros de 14,5% e deve continuar vendo a taxa subir, pois a Selic ainda deve aumentar. O Pronampe, que veio com a proposta de ajudar o empresário na pandemia, hoje está causando um grande problema”, reclama o dirigente da Abrasel-MG.

Apesar da afirmação de parte dos empresários de que os preços não têm sido repassados na integralidade, pesquisa recente feita pelo site Mercado Mineiro indicou que os consumidores estão pagando mais caro por diversos produtos em bares e restaurantes de Belo Horizonte.

Pedir uma cerveja em um boteco da capital ficou até 13% mais caro em um ano, segundo o levantamento. No mesmo caminho, os petiscos também ficaram mais caros nos bares e uma porção de carne de sol com mandioca, por exemplo, passou dos R$ 60, após ficar 29,3% mais cara. O tira-gosto com menos aumento foi a porção de batata frita, hoje encontrada por uma média de R$ 23,67, aumento de 6,7% em relação aos R$ 22,18 de julho do último ano.

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