Uma cena de novela exibida em horário nobre causou um verdadeiro efeito cascata no Brasil real. No remake de “Vale Tudo”, atualmente no ar pela TV Globo, a personagem Lucimar (interpretada por Ingrid Gaigher) entrou com um pedido de pensão alimentícia para o filho.
O resultado foi imediato: segundo a própria atriz, a Defensoria Pública registrou cerca de 4.500 acessos por minuto ao seu aplicativo logo após a exibição do capítulo, totalizando mais de 270 mil acessos em apenas uma hora.
O impacto inesperado emocionou a artista. “Recebi uma mensagem da Defensoria e fiquei completamente emocionada. Isso mostra o poder que a novela tem no Brasil. É muito gratificante fazer parte de algo que tem um alcance tão rápido e tão potente”, disse Ingrid ao jornal Correio. Incrível!
Apesar de estar apenas em sua segunda novela (a primeira foi “Quanto Mais Vida, Melhor!” (2021), Ingrid mergulhou com profundidade na criação de Lucimar. A atriz carioca conversou com mães solo, diaristas, assistiu a filmes, palestras e buscou estudos sobre pensão alimentícia para entender melhor a realidade de tantas brasileiras. “Queria entender onde está a dor, mas também onde está a força e a criatividade dessas mulheres que fazem de tudo pelos filhos”, explicou.
Para além da pesquisa, Ingrid optou por não assistir à íntegra da primeira versão da novela, exibida em 1988, para não se deixar influenciar pela interpretação de Maria Gladys, que viveu Lucimar na versão original. “Não quis ver tudo, porque sabia que teria facilidade em imitá-la. Preferi absorver o que ela construiu, que foi genial, e trazer uma homenagem discreta em alguns momentos”, contou.
A preocupação em não cair no estereótipo da “diarista cômica” foi um dos principais desafios da atriz. Trabalhando ao lado do diretor Paulo Silvestrini e da preparadora Cris Moura, Ingrid construiu uma Lucimar com autenticidade e camadas. “É fácil cair no estereótipo da diarista cômica, mas eu quis encontrar uma verdade”, disse.
Lucimar é prática, direta, cheia de humor e emoção. “Ela se apresenta para os patrões com a mesma energia com que lida com o filho. Ela é prática, simples, precisa se virar em 30. E se diverte enquanto trabalha. Isso torna a personagem muito coerente”, explicou.
Para a atriz, o sucesso da personagem está também em sua função dentro da dramaturgia. “Lucimar tem algo de coro da novela. Ela fala o que muita gente pensa, mas não diz. E isso é muito divertido de interpretar”, declarou.
Com roteiro assinado por Manuela Dias e direção-geral de Cristiano Marques, o remake de “Vale Tudo” não é apenas uma releitura da trama clássica. A novela propõe atualizações fundamentais para refletir o país de 2025.
“A maternidade solo é uma grande reflexão. O número de crianças criadas em famílias monoparentais só cresce. Além disso, temos discussões importantes sobre sexualidade, influência nas redes e o papel da mulher na sociedade. É outro Brasil 37 anos depois”, pontuou a artista.
“Espero que lembrem da Lucimar como uma personagem que gerou identificação, que teve força e humanidade. E que, quem sabe, daqui a alguns anos, o tema da pensão alimentícia já esteja superado. Mas, por enquanto, ela ainda precisa existir”, concluiu Gaigher.
Fonte: Purepeople Brasil