segunda-feira, maio 12, 2025
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Ópera 01 – Mobilidade

Noite de sábado(10/05). 21h. BR 381. João Monlevade. Aguardo, ansioso, por um ônibus para voltar à casa de meu pai. No ponto, três senhoras compartilham a mesma agonia. “As coisas aqui são difíceis demais. Já tem quase uma hora que estou esperando nessa friagem.” reverberou uma delas.
Após 40 minutos sem qualquer sinal de fumaça que indique a passagem da Mercedes azul (assim são os ônibus daqui. Há anos, muitos anos, todos possuem chassi Mercedes e a carroceria pintada de azul), desisti da espera.
“Vou chamar um carro por aplicativo”, pensei. Uber, não há. 99, muito menos. O que existe é um aplicativo local. CARÍSSIMO. Mas, é o que tinha. Ou melhor, pelo menos me disserem que tinha.
Fiz o cadastro e iniciei a primeira, de sete tentativas de conseguir um veículo. Entre erros sistemáticos e desarranjos, sempre a mesma mensagem: “sua solicitação não foi aceita”. Desisti!
Terceira opção: taxi. O ponto mais próximo: rodoviária. “Vou ligar”, pensei. Achei o número no Google. Em pouco mais de 10 minutos, chegou o veículo. Um belo carro, por sinal. O motorista? Um senhor, aparentemente já aposentado. Muito educado. Iniciamos a viagem. Ao tentar verificar a bandeira tarifária, a terceira surpresa móbil do dia: não havia taxímetro à vista. O valor? aquele que o motorista bem entender.
Cidade com cerca de 90.000 habitantes, João Monlevade goza do privilégio de estar a 110km da Capital, Belo Horizonte (o que em MG é pouquíssimo). Sinônimo de aparente desenvolvimento. Todavia, goza, também, da ausência de serviços extremamente básicos a uma cidade cujo lema é “Fraternidade, Prosperidade e trabalho”. Há extravagância na desordem, por meio da qual os que são sorrateiros deitam e rolam.
Fiquei pensando nas senhoras que, pasmem: continuaram no ponto. Uma delas rezava, silenciosamente, o terço. Ainda bem! Pelo menos aproveitou o tempo perdido com algo útil.
Resumo da ópera: ônibus não passa, aplicativo não funciona, taxi circula da forma que o motorista bem entender. Essa é minha cidade natal…
Monlevadense Tomaz Albano, jornalista da Rede Globo 
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