Curtas produzidos pelos participantes da segunda edição do curso serão lançados em 2025; filme do curso de 2023 participou da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Enquanto as produções do cinema nacional se destacam nos festivais internacionais e já sinalizam as indicações para o Oscar 2025, uma nova safra de cineastas começa a se formar em Antônio Dias, município do interior mineiro. Ao todo, 40 jovens da cidade, participaram da segunda edição do Curso de Cinema Imagens Inventadas, iniciativa gratuita promovida pelo projeto artBEM, entre agosto e setembro deste ano. Os filmes produzidos na formação estão em fase de finalização e serão lançados no primeiro semestre de 2025.
O Curso de Cinema abriu as possibilidades para que os jovens de Antônio Dias e Hematita, distrito do município, vivenciarem a experiência de um set de filmagem. Começando pela teoria, planejamento e cronograma de filmagem, divisão de função e responsabilidades, passando pela criação do roteiro e captação de imagens até a produção final de um filme curta metragem. Todas as etapas do cinema profissional fizeram parte da formação, envolvendo conteúdos teóricos e práticos.
“A gente vive num mundo muito audiovisual, em que podemos criar uma imagem que não é real, com a inteligência artificial. A formação em cinema desenvolve um olhar crítico super importante como formação social e humana até para saber usar essas ferramentas. E para além disso, hoje, temos mecanismos, como as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, que abrem espaços para produção autoral de pessoas que estão fora das capitais e podem, sim, colocar a sua visão de mundo para os outros por meio do cinema”, detalha Clarissa Campolina, cineasta e professora do Curso de Cinema no projeto artBEM, junto com a professora Mariana Andrade.
Para Gustavo Lopes Cardoso, de 18 anos, servidor público e morador do distrito de Hematita, o curso de Cinema foi uma oportunidade para descobrir formas de liberdade de expressão. “Nunca fui criativo e encontrei no curso a possibilidade de me expressar, criar e fazer parte de algo maior. Ao lado de outros jovens-adultos, pude desabafar sobre uma questão que preocupa não só a mim, mas todos da minha geração, que é a gestão do nosso tempo. Criamos um filme sobre o tempo, que serviu como espaço de liberdade para expressar esse medo, insegurança e soltar a criação. Aprendi que temos a liberdade de fazer algo novo que não existe, a partir de uma ideia que vem à cabeça e nossas frustrações”, revela.