Cuidadora de idosos vendeu suposto imunizante contra a Covid-19 quando o medicamento era aplicado apenas em idosos
A Polícia Federal indiciou a falsa enfermeira que forjou um esquema de suposta vacinação contra a Covid-19 de empresários em Minas Gerais. O caso aconteceu no início de 2021, quando a campanha de imunização atendia apenas idosos.
De acordo com a PF, Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas foi indiciada por estelionato, associação criminosa, ocultação de bens e falsificação de documentos. Outros envolvidos no caso, que teriam ajudado a investigada, também devem responder por estelionato, associação criminosa e ocultação de bens.
Os investigadores acreditam que o líquido aplicado era soro fisiológico. “Após a apuração realizada, chegou-se à conclusão de que as pessoas que tomaram a ‘vacina’ teriam sido, de fato, vítimas de um estelionato, pois, conforme apurado, a principal investigada em momento nenhum teve acesso à vacina de Covid-19 de qualquer marca”, detalhou a Polícia Federal.
Como o inquérito constatou que a falsa enfermeira aplicou um golpe nos clientes, a continuidade da investigação dependia de representação oficial por parte das pessoas que foram lesadas. Ainda de acordo com a PF, duas delas fizeram a representação “enquanto outras centenas preferiram não o fazer”. Agora, caberá ao Ministério Público de Minas Gerais decidir se vai denunciar os investigados. A reportagem procurou o órgão e aguarda retorno.
Procurado, o advogado Bruno Agostini Ribeiro, que defende Cláudia, disse que vai aguardar para se manifestar. “O processo corre sob sigilo. Agora, o que vamos fazer é aguardar a manifestação do Ministério Público para depois nos manifestarmos no processo”, declarou. A mulher responde em liberdade.
Relembre o caso
O esquema foi revelado em março de 2021, quando um grupo de empresários foi à garagem de uma empresa de ônibus em Belo Horizonte para receber a suposta vacina contra a Covid-19. Familiares e amigos deles também estiveram no local. Na época, o grupo ainda não havia sido convocado pela campanha de imunização do governo federal.
Um vídeo obtido em primeira mão pelo R7 mostra o momento em que uma fila de carros se forma em frente à empresa, localizada na região noroeste da capital mineira. Dentro da garagem, Cláudia Mônica retirava seringas de uma caixa térmica e aplicava a “vacina” nas pessoas.
Durante a investigação, Cláudia, um filho e um genro dela foram presos. Eles já foram soltos e estão respondendo em liberdade. Dados levantados pela corporação indicam que a mulher, que na verdade é cuidadora de idosos, também fez atendimento em domicílio. Um vídeo gravado pelo porteiro de um prédio de luxo em BH mostra a investigada detalhando o produto oferecido.
A mulher cobrava R$ 600 pelo medicamento, que, segundo a PF, era falso. Os agentes encontraram seringas e soro fisiológico na casa de Cláudia.